BLOG DE HOMENAGEM À PALAVRA E À FOTOGRAFIA
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Hoje acordei nostálgico. Não que encontre uma razão particular para me apetecer reviver os tempos memoráveis em que o meu filho era pequeno e crescia cada corrida que dava. Talvez se acorde nostálgico apenas porque é Domingo e os passeios que dava ao campo com o meu pai e os meus irmãos. Ou talvez por outra qualquer razão. Que adianta encontrar uma razão, se ela não passa disso, uma razão...
Digo para comigo "foca-te no momento presente". Concentra-te na respiração. Sente o ar fresco da manhã inundar-te os pulmões de uma energia renovada. Expira devagar e sente uma tranquilidade, uma paz reconfortante... Passados breves minutos sentía-me cheio de vitalidade.
A luz do dia irrompia pela casa, enquanto tomava o meu tradicional pequeno almoço mediterrânico habitual; café com leite, leite de arroz, pão com manteiga, queijo e fiambre. Lavo a cara , visto-me à pressa, seguro a máquina e saiu para a rua.
Ao iniciar a marcha, assumo uma postura confiante e prazeirosa, ombros para trás, queixo elevado, enquanto respiro profundamente e me desloco numa cadência certa.
Vinte minutos após, envolvía-me na multidão, sedento de encontrar um foco, uma perspectiva que valesse o arrojo de a deixar registada. As pessoas estão demasiadamente concentradas nos seus propósitos que não reparam em mim, que tenho uma máquina fotografica na mão e as posso incluir incógnitas no enquadramento. O Trump foi eleito, lia-se nos títulos dos jornais. O que todos temiam aconteceu. Todos não seriam por certo,se não não tinha ganho...
Uma senhora de idade perguntou-me as horas. Respondi-lhe, respeitosamente, "São 8:15h, minha senhora". Aproveitei para respirar fundo, agora de forma mais consciente, não vá o simpson naive descansar o cotovelo sobre o botão nuclear, a pensar que aquilo é apenas o comando para abri o portão da garagem...
Liguei a máquina, espreitei pelo visor, o enquadramento foi quase automático, assim como a velocidade do obturador, e a abertura do diafragma. Fiz uma, depois outra e depois ainda outra. Os motivos provocavam-me e eu respondo. É tão difícil resistir a esta tentação... Envolvo-me no meio das pessoas, e tento focar motivos de arquitectura longe, com o semblante desfocado de transeuntes mais próximos da objectiva.
Passado algum tempo votei a sentir a mesma nostalgia, que se levantou comigo da cama. Não dei grande importância ao facto. Assim como esta construção imprecisa de factos e sentimentos light tinham voltado, também se sumiu...
A luz está perfeita... crua, um pouco fria, provocadora, mas não excessiva... E eu continuo a tentar fazer parar o tempo, por detrás da objectiva sem nunca o conseguir, verdadeiramente.